Existe uma exceção no caso do apostolado. O apostolado é tanto um ofício quanto um dom. É o único caso nas Escrituras em que um ofício é algo universal (At 1:20; 1 Pd 5:1). Doze dos discípulos do Senhor foram designados para o ofício do apostolado (Mc 3:14; Lc 6:13; At 1:20). O Senhor fez isso quando ainda estava no mundo. Judas caiu em transgressão e seu "ofício" ("bispado", "cargo" ou "ministério", dependendo da tradução) foi dado a outro homem -- Matias (Sl 109:8; At 1:16-26). Todavia, eles receberam o "dom" do apostolado do Espírito depois que o Senhor ascendeu à Sua posição celestial à destra de Deus (1 Co 12:28). Os dons, conforme mencionamos, fluem de Cristo no céu. Aqueles homens foram então dados à igreja para ajudá-la a se estabelecer na verdade. "Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens... E ele mesmo deu uns para apóstolos" (Ef 4:8-11).
Uma pessoa que tenha uma responsabilidade local (ofício) em uma assembleia pode também ter um dom para ensinar ou pregar publicamente (1 Tm 5:17), mas quando as Escrituras tratam de dons e ofícios, uma coisa não é confundida com a outra.
Quando entendemos a diferença entre essas duas coisas, e como as Escrituras as tratam de forma distinta, percebemos o quão longe da verdade estão afirmações do tipo "Ele é o Pastor de uma igreja". Em circunstâncias normais, um servo do Senhor nunca é "o" único dom em uma igreja local. Tampouco ele deve ficar restrito a exercitar seu dom em "uma" igreja local, ou até mesmo em uma seita dentro da igreja. O seu dom lhe foi dado para ser usado para o proveito de todo o corpo de Cristo. O modo biblicamente correto de dizer seria "Ele é um pastor na igreja".
Traduzido de "God's Order" - Bruce Anstey - 4th Edition